Lição 05 - Pérgamo, a Igreja Casada com o Mundo (13) - Prof. Paulo Avelino
INTRODUÇÃO
As
cartas enviadas às igrejas da Ásia nos trazem grandes lições e ensinamentos, não
apenas no aspecto histórico, mas, principalmente, espiritual. Estudando e
meditando nestas cartas, somos motivados a imitar os bons exemplos daquelas
igrejas, bem como evitar os mesmos erros que ocorreram nas mesmas. Nesta lição,
além de estudarmos o contexto histórico e cultural da cidade de Pérgamo, veremos
também a mensagem de Cristo à igreja que havia naquela cidade, tanto os aspectos
positivos quando negativos, bem como a promessa de Cristo para os cristãos
daquela localidade, que se aplicam a todos os vencedores.
I –
IMPORTANTES INFORMAÇÕES SOBRE A CIDADE
1.1 Nome.
O nome Pérgamo no grego significa “casado”. A cidade fora
construída sobre uma colina cuja altura chegava a 300 metros acima da região que
a circundava, sendo portanto uma fortaleza natural. Era uma cidade sofisticada,
centro da cultura e da educação grega com uma biblioteca de aproximadamente 200
mil volumes.
1.2
Geografia.Era uma cidade da província romana da Ásia, na parte ocidental do
que hoje é a Turquia. Ela havia sido a antiga capital de Átalo, uma
cidade-estado doada ao império romano, em 133 a.C., estava próxima do vale do
rio Caico. Tinha considerável importância comercial, política e religiosa. As
principais estradas da Ásia ocidental convergiam para aquela cidade. Lá,
fabricava-se unguento, vasos e pergaminhos.
1.3
Religião.Pérgamo era a sede de um antigo culto de mágicas babilônicas.
Também um importante centro de culto ao imperador, além de se tornar a sede de
quatro dos maiores cultos pagãos, a saber: a Zeus, a Atena, a Dionísio e a
Asclépio. Por tudo isso, Jesus declara que a igreja habitava onde estava
“o trono de Satanás” (Ap 2.13). A palavra “trono”
(no grego hodierno, “thronos”), é usado no Novo Testamento como
sentido de “trono real” (Lc 1.32,52), ou com o sentido de
“tribunal judicial” (cf. Mt 19.28 e Lc 22.30). Alguns estudiosos
tentam imaginar literalmente qual seria esse trono, e afirmam que:
1.3.1Tratava-se da colina que havia por detrás
da cidade, com trezentos metros de altura, na qual havia muitos templos e
altares;
1.3.2Tratava-se de um gigantesco altar dedicado
a Zeus, construído sobre uma imensa base que estava a duzentos e quarenta metros
acima do nível do mar;
1.3.3Tratava-se de vários templos construídos
com o propósito de oficializar o culto ao imperador.
Certamente todos esses lugares trazem consigo uma simbologia muito forte no que
diz respeito “ao trono de Satanás”, mas o significado dessa
expressão certamente é espiritual, e a palavra trono de (Ap 2.13) aponta para o
lugar onde Satanás exercia autoridade como se fosse um rei. Este sempre foi o
desejo do Maligno, ter o seu próprio trono “E tu dizias no teu coração: Eu
subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no
monte da congregação me assentarei, aos lados do norte”. (Is
14.13).
Essa
igreja aprendeu a adaptar-se ao mundo, desfrutando de seus confortos e
participando de seus vícios. É bom, porém, lembrar que eles ganharam conforto,
mas perderam em espiritualidade (Ap 2.14,15). Traçando um paralelo entre as
igrejas da Ásia e a história do cristianismo, poderíamos correlacionar a de
Pérgamo com a época da “conversão” do imperador Constantino, que publicou um
edito de tolerância, o que pôs fim às perseguições contra a igreja, mas também
diminuiu consideravelmente o fervor espiritual de muitos cristãos da época.
Houve um casamento entre o santo e o profano, pois, ao mesmo tempo em que o
cristianismo se tornou a religião oficial do Império, cultos a deuses pagãos
também eram realizados.
II – OS
PONTOS POSITIVOS DA IGREJA DE PÉRGAMO
Como
podemos perceber, o Senhor Jesus, inicialmente, elogiou o anjo daquela igreja:
“...e reténs o meu nome, e não negaste a minha fé...” (Ap 2.;13).
O Senhor ainda faz menção de um Antipas, de quem nada se sabe ao certo, exceto
aquilo que se depreende do texto, uma fiel testemunha (Ap 2.13). A palavra grega
para “testemunha” é “mártys”. Inicialmente, esta
palavra fora usada para designar todos os que davam testemunho de Cristo (At
1.8), no entanto, com as perseguições romanas passou a ser usado para designar a
pessoa que morria por não negar a sua fé em Cristo (Ap 2.13-b).
“Antipas, o bispo de Pérgamo, foi colocado dentro de um boi
feito de bronze, e a seguir foi aquecido ao rubro. Seu corpo foi literalmente,
cozido, na chama abrasadora” (SILVA, 2006. p. 22).
III – OS
PONTOS NEGATIVOS DA IGREJA DE PÉRGAMO
Depois dos elogios, o Senhor utilizou a expressão “Mas umas poucas coisas
tenho contra ti”, expressão de reprovação, quanto à Pérgamo estava
relacionada principalmente à doutrina de Balaão e à doutrina dos Nicolaítas.
Vejamos em que consistiam seus ensinamentos:
3.1 Doutrina
de Balaão. Essa doutrina tinha duas vertentes principais, a saber: a
idolatria e a prostituição. As suas origens estavam no episódio ocorrido no
A.T., quando os filhos de Israel estavam para invadir as campinas de Moabe, que
tinha como rei, Balaque (Nm 22.1,2). Este, temendo sobremaneira o povo de Deus,
contratou Balaão para amaldiçoar os israelitas (Nm 22.1-7). As intenções de
Balaque eram:
- Ferir o povo e expulsá-lo da terra (Nm 22.6);
- Conquistar o favor de Balaão mediante pagamento (Nm 22.17);
- Amaldiçoar o povo de Deus através de sacrifícios a deuses pagãos (Nm 22.41);
- Insistir com Balaão até que ele o ensinasse a lançar tropeços ao povo (Nm 23.12,13,27);
A
princípio, Balaão não satisfez o intento de Balaque e falou o que o Senhor lhe
mandara (Nm 2.13-18). Porém, ao ver o prêmio oferecido pelo iníquo rei, o
caráter daquele homem não suportou e ele cedeu, ensinando Balaque a lançar
tropeços diante do povo de Deus (Nm 31.16). Tais tropeços se manifestaram
através do pecado de prostituição, e da idolatria, que causou grande prejuízo
entre os israelitas (Nm 25.1-9).
A
doutrina de Balaão perpassou os séculos e chegou à época neotestamentária. Tal
postura foi adotada pelos falsos mestres que, mercantilistas e avarentos, sem
comprometimento algum com Deus e a sua Palavra, perturbavam a igreja primitiva.
Eles foram duramente combatidos pelos apóstolos (II Pe 2.15; Jd 11), e pelo
próprio Senhor Jesus (Ap 2.14). Ainda hoje existem arautos de
Balaão, cujo objetivo é totalmente financeiro e cujos ouvintes estão mergulhados
na imoralidade e na idolatria (Rm 16.18; II Tm 3.1-4; II Pe 2.1-3). Mas a
recompensa deles não dormita (II Pe 2.4-21; Jd 12,13).
3.2
Adoutrina dos Nicolaítas. Não há certeza absoluta quanto à identidade
desta seita. Porém alguns estudiosos tentam sugerir esta heresia a Nicolau,
prosélito de Antioquia e que foi separado para o diaconato conforme (At 6.5).
Afirmam eles que assim como os doze tiveram um apóstata, assim sucedeu com os
sete diáconos, um deles apostatou. Essa argumentação também não possui respaldo
bíblico.
Como
já vimos em outra lição, os nicolaítas também perturbavam a igreja de Éfeso (Ap
2.6). Interessante que em Éfeso Jesus falou das obras dos nicolaítas
(Ap 2.6), enquanto em Pérgamo o Senhor mencionou a sua
doutrina (Ap 2.15). Certamente um ensino perverso, corrupto
e lascivo, influenciado pelo gnosticismo, que pregava a malignidade da matéria,
chegando à conclusão de que o corpo deveria ser exposto a toda sorte de
pecado.
3.3
Exortações.Apesar da perseverança e fidelidade do anjo daquela igreja (Ap
2.13), havia crentes que tinham caído no engodo das doutrinas de Balaão e dos
nicolaítas, o que trouxe a idolatria e a imoralidade para o seio daquela igreja
(Ap 2.15). Todavia, o Senhor lhes convida ao arrependimento (Ap 2.16). A forma
mais eficaz de se combater tais heresias é fazendo uso da Palavra. Por isso,
Jesus se apresentou ao anjo desta igreja como “aquele que tem a espada
aguda de dois gumes” (Ap 2.12), que é uma referência à Palavra de Deus
(Hb 4.12). Portanto, falsos ensinamentos se combatem com a sã doutrina (II Tm
4.2-4; Tt 1.10-16; 2.1; Ap 2.16).
CONCLUSÃO
Era
árdua a tarefa do anjo da igreja de Pérgamo, que habitava onde estava o trono de
Satanás e onde circulavam duas terríveis heresias acima citadas. Ele, porém,
precisava se esforçar para manter a fidelidade ante as pressões externas e
combater firme e incansavelmente os falsos ensinos que estavam levando o povo à
imoralidade e à idolatria. O quadro era difícil, mas quem vencesse comeria do
maná escondido e receberia um novo nome “Quem tem ouvidos, ouça o que o
Espírito diz às igrejas: Ao que vencer darei a comer do maná escondido, e
dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém
conhece senão aquele que o recebe” (Ap 2.17).
REFERÊNCIAS
- BÍBLIA de Estudo Aplicação Pessoal.CPAD.
- CHAMPLIN, R.N. O Novo Testamento Interpretado versículo por Versículo. HAGNOS.
- ANDRADE, Claudionor Correia; Os Sete Castiçais de Ouro: A mensagem final de Cristo à Igreja
- STAMPS, Donald C.; Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD.
- SILVA, Severino Pedro da. Apocalipse, versículo por versículo. CPAD.
- ANDRADE, Claudionor de.Dicionário Teológico. CPAD.
quarta-feira, 25 de abril de 2012
Lição 05 - Pérgamo, a Igreja Casada com o Mundo (12) - Rede Brasil de Comunicação
Igreja Evangélica
Assembléia de Deus – Recife / PE
Superintendência das
Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente:
Ailton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 –
Santo Amaro – CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524
LIÇÃO 05 – PÉRGAMO, A
IGREJA CASADA COM O MUNDO
INTRODUÇÃO
As cartas enviadas às
igrejas da Ásia nos trazem grandes lições e ensinamentos, não apenas no aspecto
histórico, mas, principalmente, espiritual. Estudando e meditando nestas cartas,
somos motivados a imitar os bons exemplos daquelas igrejas, bem como evitar os
mesmos erros que ocorreram nas mesmas. Nesta lição, além de estudarmos o
contexto histórico e cultural da cidade de Pérgamo, veremos também a mensagem de
Cristo à igreja que havia naquela cidade, tanto os aspectos positivos quando
negativos, bem como a promessa de Cristo para os cristãos daquela localidade,
que se aplicam a todos os vencedores.
I – IMPORTANTES
INFORMAÇÕES SOBRE A CIDADE
1.1 Nome.
O
nome Pérgamo no grego significa “casado”. A cidade fora construída
sobre uma colina cuja altura chegava a 300 metros acima da região que a
circundava, sendo portanto uma fortaleza natural. Era uma cidade sofisticada,
centro da cultura e da educação grega com uma biblioteca de aproximadamente 200
mil volumes.
1.2 Geografia.
Era
uma cidade da província romana da Ásia, na parte ocidental do que hoje é a
Turquia. Ela havia sido a antiga capital de Átalo, uma cidade-estado doada ao
império romano, em 133 a.C., estava próxima do vale do rio Caico. Tinha
considerável importância comercial, política e religiosa. As principais estradas
da Ásia ocidental convergiam para aquela cidade. Lá, fabricava-se unguento,
vasos e pergaminhos.
1.3 Religião.
Pérgamo era a sede de
um antigo culto de mágicas babilônicas. Também um importante centro de culto ao
imperador, além de se tornar a sede de quatro dos maiores cultos pagãos, a
saber: a Zeus, a Atena, a Dionísio e a Asclépio. Por tudo isso, Jesus declara
que a igreja habitava onde estava “o trono de Satanás” (Ap 2.13).
A palavra “trono” (no grego hodierno, “thronos”), é
usado no Novo Testamento como sentido de “trono real” (Lc
1.32,52), ou com o sentido de “tribunal judicial” (cf. Mt 19.28 e
Lc 22.30). Alguns estudiosos tentam imaginar literalmente qual seria esse trono,
e afirmam que:
1.3.1
Tratava-se da colina
que havia por detrás da cidade, com trezentos metros de altura, na qual havia
muitos templos e altares;
1.3.2
Tratava-se de um
gigantesco altar dedicado a Zeus, construído sobre uma imensa base que estava a
duzentos e quarenta metros acima do nível do mar;
1.3.3
Tratava-se de vários
templos construídos com o propósito de oficializar o culto ao
imperador.
Certamente todos
esses lugares trazem consigo uma simbologia muito forte no que diz respeito
“ao trono de Satanás”, mas o significado dessa expressão
certamente é espiritual, e a palavra trono de (Ap 2.13) aponta para o lugar onde
Satanás exercia autoridade como se fosse um rei. Este sempre foi o desejo do
Maligno, ter o seu próprio trono “E tu dizias no teu coração: Eu subirei
ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da
congregação me assentarei, aos lados do norte”. (Is 14.13).
Essa igreja aprendeu
a adaptar-se ao mundo, desfrutando de seus confortos e participando de seus
vícios. É bom, porém, lembrar que eles ganharam conforto, mas perderam em
espiritualidade (Ap 2.14,15). Traçando um paralelo entre as igrejas da Ásia e a
história do cristianismo, poderíamos correlacionar a de Pérgamo com a época da
“conversão” do imperador Constantino, que publicou um edito de tolerância, o que
pôs fim às perseguições contra a igreja, mas também diminuiu consideravelmente o
fervor espiritual de muitos cristãos da época. Houve um casamento entre o santo
e o profano, pois, ao mesmo tempo em que o cristianismo se tornou a religião
oficial do Império, cultos a deuses pagãos também eram realizados.
II – OS PONTOS
POSITIVOS DA IGREJA DE PÉRGAMO
Como podemos
perceber, o Senhor Jesus, inicialmente, elogiou o anjo daquela igreja:
“...e reténs o meu nome, e não negaste a minha fé...” (Ap 2.;13).
O Senhor ainda faz menção de um Antipas, de quem nada se sabe ao certo, exceto
aquilo que se depreende do texto, uma fiel testemunha (Ap 2.13). A palavra grega
para “testemunha” é “mártys”. Inicialmente, esta
palavra fora usada para designar todos os que davam testemunho de Cristo (At
1.8), no entanto, com as perseguições romanas passou a ser usado para designar a
pessoa que morria por não negar a sua fé em Cristo (Ap 2.13-b). “Antipas,
o bispo de Pérgamo, foi colocado dentro de um boi feito de bronze, e a seguir
foi aquecido ao rubro. Seu corpo foi literalmente, cozido, na chama abrasadora”
(SILVA, 2006. p. 22).
III – OS PONTOS
NEGATIVOS DA IGREJA DE PÉRGAMO
Depois dos elogios, o
Senhor utilizou a expressão “Mas umas poucas coisas tenho contra ti”,
expressão de reprovação, quanto à Pérgamo estava relacionada
principalmente à doutrina de Balaão e à doutrina dos Nicolaítas.
Vejamos em que
consistiam seus ensinamentos:
3.1 Doutrina de
Balaão. Essa doutrina tinha
duas vertentes principais, a saber: a idolatria e a prostituição. As suas
origens estavam no episódio ocorrido no A.T., quando os filhos de Israel estavam
para invadir as campinas de Moabe, que tinha como rei, Balaque (Nm 22.1,2).
Este, temendo sobremaneira o povo de Deus, contratou Balaão para amaldiçoar os
israelitas (Nm 22.1-7). As intenções de Balaque eram:
•
Ferir o
povo e expulsá-lo da terra (Nm 22.6);
•
Conquistar o favor de
Balaão mediante pagamento (Nm 22.17);
•
Amaldiçoar o povo de
Deus através de sacrifícios a deuses pagãos (Nm 22.41);
•
Insistir
com Balaão até que ele o ensinasse a lançar tropeços ao povo (Nm
23.12,13,27);
A princípio, Balaão
não satisfez o intento de Balaque e falou o que o Senhor lhe mandara (Nm
2.13-18). Porém, ao ver o prêmio oferecido pelo iníquo rei, o caráter daquele
homem não suportou e ele cedeu, ensinando Balaque a lançar tropeços diante do
povo de Deus (Nm 31.16). Tais tropeços se manifestaram através do pecado de
prostituição, e da idolatria, que causou grande prejuízo entre os israelitas (Nm
25.1-9).
A doutrina de Balaão
perpassou os séculos e chegou à época neotestamentária. Tal postura foi adotada
pelos falsos mestres que, mercantilistas e avarentos, sem comprometimento algum
com Deus e a sua Palavra, perturbavam a igreja primitiva. Eles foram duramente
combatidos pelos apóstolos (II Pe 2.15; Jd 11), e pelo próprio Senhor Jesus (Ap
2.14). Ainda hoje existem arautos de Balaão, cujo objetivo é totalmente
financeiro e cujos ouvintes estão mergulhados na imoralidade e na idolatria (Rm
16.18; II Tm 3.1-4; II Pe 2.1-3). Mas a recompensa deles não dormita (II Pe
2.4-21; Jd 12,13).
3.2 A doutrina dos
Nicolaítas. Não há certeza
absoluta quanto à identidade desta seita. Porém alguns estudiosos tentam sugerir
esta heresia a Nicolau, prosélito de Antioquia e que foi separado para o
diaconato conforme (At 6.5).
Afirmam eles que
assim como os doze tiveram um apóstata, assim sucedeu com os sete diáconos, um
deles apostatou.
Essa argumentação
também não possui respaldo bíblico.
Como já vimos em
outra lição, os nicolaítas também perturbavam a igreja de Éfeso (Ap 2.6).
Interessante que em Éfeso Jesus falou das obras dos nicolaítas (Ap
2.6), enquanto em Pérgamo o Senhor mencionou a sua doutrina (Ap
2.15). Certamente um ensino perverso, corrupto e lascivo, influenciado pelo
gnosticismo, que pregava a malignidade da matéria, chegando à conclusão de que o
corpo deveria ser exposto a toda sorte de pecado.
3.3 Exortações.
Apesar da
perseverança e fidelidade do anjo daquela igreja (Ap 2.13), havia crentes que
tinham caído no engodo das doutrinas de Balaão e dos nicolaítas, o que trouxe a
idolatria e a imoralidade para o seio daquela igreja (Ap 2.15). Todavia, o
Senhor lhes convida ao arrependimento (Ap 2.16). A forma mais eficaz de se
combater tais heresias é fazendo uso da Palavra. Por isso, Jesus se apresentou
ao anjo desta igreja como “aquele que tem a espada aguda de dois
gumes” (Ap 2.12), que é uma referência à Palavra de Deus (Hb 4.12).
Portanto, falsos ensinamentos se combatem com a sã doutrina (II Tm 4.2-4; Tt
1.10-16; 2.1; Ap 2.16).
CONCLUSÃO
Era árdua a tarefa do
anjo da igreja de Pérgamo, que habitava onde estava o trono de Satanás e onde
circulavam duas terríveis heresias acima citadas. Ele, porém, precisava se
esforçar para manter a fidelidade ante as pressões externas e combater firme e
incansavelmente os falsos ensinos que estavam levando o povo à imoralidade e à
idolatria. O quadro era difícil, mas quem vencesse comeria do maná escondido e
receberia um novo nome “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às
igrejas: Ao que vencer darei a comer do maná escondido, e dar-lhe-ei uma pedra
branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que
o recebe” (Ap 2.17).
REFERÊNCIAS
•
BÍBLIA de Estudo
Aplicação Pessoal. CPAD.
•
CHAMPLIN,
R.N.
O Novo Testamento Interpretado versículo por Versículo.
HAGNOS.
•
ANDRADE, Claudionor Correia;
Os Sete Castiçais de Ouro: A mensagem final de Cristo à igreja
•
STAMPS,
Donald C.; Bíblia de
Estudo Pentecostal, CPAD.
•
SILVA, Severino Pedro da.
Apocalipse, versículo por versículo. CPAD.
•
ANDRADE,
Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
Fonte:
Rede Brasil
de Comunicação
Lição 05 - Pérgamo, a Igreja Casada com o Mundo (11) - Ev Caramuru Afonso Francisco
A carta à
igreja de Pérgamo mostra-nos que não há comunhão do povo de Deus e o
mundo.
INTRODUÇÃO
- Na sequência
do estudo das cartas às igrejas da Ásia Menor, estudaremos a terceira
carta, endereçada à igreja de Pérgamo.
- Nesta carta, o
Senhor Jesus mostra que não há como termos vida espiritual verdadeira se
nos misturarmos com o mundo.
I – O CENÁRIO DA
CARTA Á IGREJA DE PÉRGAMO
- Prosseguindo o
estudo das sete cartas que o Senhor Jesus mandou enviar às igrejas da província
romana da Ásia, que constitui a parte substancial do estudo proposto pela CPAD
para este trimestre no livro do Apocalipse, estudaremos a terceira carta, a
carta encaminhada ao anjo da igreja e, por conseguinte, à igreja de
Pérgamo.
-
Pérgamo, palavra cujo significado é “cidadela”,
“burgo”, “torre”, “castelo”, “fortificação”. Entendem alguns que a
palavra também significa “casamento”, “união”, significado que é questionado por
alguns. Uma antiga cidade grega que se situava na Mísia, no noroeste da Anatólia
(parte ocidental da Turquia), a mais de 20 km do Mar Egeu numa colina isolada do
vale do Rio Caicos (atual Bakirçay). Existia desde o século V a.C., conquistou a
região costeira da Ásia, tendo adquirido a máxima extensão de seus domínios no
século II a.C. Possuiu uma importante biblioteca e sua importância é tanta que
dela surgiu a palavra “pergaminho”, o suporte usado para vários documentos
escritos a partir da pele do carneiro. Pérgamo tornou-se um centro religioso
pagão, que, inclusive, competia com Éfeso no século I d.C., o tempo em que foi
escrita a carta do Senhor Jesus àquela igreja. O reino de Pérgamo acabou sendo
doado ao Império Romano em 133 d.C. Dentre os cultos que havia em Pérgamo, havia
ali uma espécie de adoração ao diabo, tendo Pérgamo se tornado sede das mágicas
babilônicas após a destruição de Babilônia. Pérgamo é atualmente a cidade turca
de Bergama, uma cidade que tem cerca de 55.000 habitantes, um terço do que teve
Pérgamo no seu esplendor.
- Não há
como identificar quem era o anjo da igreja de Pérgamo. A Bíblia é
silente a este respeito e este silêncio é eloquente, visto que, uma vez mais, a
Bíblia mostra que o Senhor não quer envergonhar aquele cujo arrependimento quer
incentivar ou estimular, uma importante lição que os crentes hodiernos devem
aprender. Jesus não identifica este anjo, nem permitiu que isto se fizesse pela
história, para que não houvesse humilhação ante os seus graves erros cometidos.
A única coisa que se sabe é que ele era o sucessor de Antipas, este, sim,
identificado pelo Senhor Jesus, que havia sofrido o martírio e foi chamado pelo
Senhor de “minha fiel testemunha” e alguém que “não negara o nome de Jesus”
(Ap.2:13).
- O
pastor da igreja de Pérgamo, que sucedera a Antipas, mantinha a mesma linha do
seu antecessor, pois o Senhor Jesus diz que ele “retinha o nome do
Senhor”, apesar de viver num lugar tenebroso, que o Senhor denominou de “trono
de Satanás” e do “lugar onde Satanás habita”, porque, como já dissemos, se
tratava de uma cidade repleta de seitas pagãs, que competia, mesmo, com Éfeso em
termos de feitiçaria e idolatria. No entanto, apesar de ser, pessoalmente, um
servo fiel a Deus, estava a descuidar do rebanho, permitindo a infiltração de
seguidores da doutrina de Balaão e dos nicolaítas. Ao contrário do pastor da
igreja de Éfeso, o pastor de Pérgamo apresentava-se omisso, negligente e
leniente.
- Infelizmente,
nos dias em que vivemos, há muitos “pastores de Pérgamo” em nossas igrejas
locais. Pessoas devotas, que servem a Deus sinceramente, mas que têm sido
negligentes na invasão do mundanismo no meio do povo do Senhor. São pessoas que
honram os seus antecessores na direção das igrejas locais, pessoas que, não
raras vezes, morreram por causa do Evangelho, mas que, ao contrário deles, nos
dias em que vivemos estão sendo permissivos, têm deixado o mundo se infiltrar na
igreja. São pastores que têm deixado os lobos ingressarem no meio do rebanho e
matarem a muitas ovelhas, sem que tenham qualquer ação para extirpar estes
males. Tomem cuidado, “senhores pastores de Pérgamo”, porque os senhores terão
de dar conta das almas que têm placidamente deixado que sejam exterminados por
estes lobos devoradores (Hb.13:17)!
- O
Senhor Jesus Se identifica para a igreja de Pérgamo como sendo “Aquele que tem a
espada aguda de dois fios”. Esta identificação do Senhor, por primeiro,
indica a “guerra espiritual” que há entre a Igreja e o mundo. “…Espada na
simbologia profética das Escrituras Sagradas representa castigo ou guerra. Ela
distingue vencidos de vencedores…” (SILVA, Severino Pedro da. Apocalipse
versículo por versículo. 3. ed., p.38). Vemos, portanto, que a Igreja não
deve jamais se esquecer que está em permanente guerra com o mundo e com o pecado
e que, portanto, é impossível haver alguma trégua ou acordo com o sistema
maligno no qual o mundo está imerso (I Jo.5:19).
- Esta
circunstância é extremamente importante e deve ser levada em consideração em
nossos dias, onde há uma tendência de muitos em confundir “tolerância
religiosa” com acordos com o mundo. Não são poucas as lideranças
sedizentes cristãs que têm defendido um “ecumenismo” ou um “diálogo
interreligioso”, movimentos que ganharam corpo a partir da segunda metade do
século XX. O “ecumenismo” é a proposta de “união dos segmentos cristãos”, dentro
do pressuposto de que a “divisão entre os cristãos é um escândalo para o mundo
que prejudica a pregação do Evangelho”, enquanto que o “diálogo interreligioso”
é a proposta de “o encontro de um espaço comum entre as diversas religiões do
mundo, para que se promova a paz mundial”.
- O
“ecumenismo”, que foi adotado como comportamento oficial da
Igreja Romana a partir do Concílio Vaticano II, que completa, neste ano de 2012,
cinquenta anos, mas que tem suas raízes algumas décadas antes, tendo dado origem
ao Conselho Mundial das Igrejas, é uma atitude que busca fazer com que
“diferenças doutrinárias” sejam desconsideradas e que haja uma união em torno da
pessoa de Cristo, como se isto fosse possível abrindo-se mão da verdade, da
Palavra de Deus. Nada mais é que a nítida rendição da verdade diante das
inúmeras inovações que representaram significativos desvios doutrinários ao
longo dos séculos na história da Igreja. Mas, ao contrário do que propõe o
ecumenismo, devemos seguir o que fez Antipas, ou seja, “não negar o nome de
Jesus”.
- O
“diálogo interreligioso”, por sua vez, é uma tentativa de se
encontrar um “lugar comum entre as religiões”, como se o Evangelho fosse apenas
mais uma religião e não “o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê”
(Rm.1:16). Não há outro nome pelo qual se alcance a salvação a não ser pelo nome
de Jesus (At.4:12). Assim, também, se quisermos ter o mesmo testemunho de
Antipas, não podemos participar de tal movimento.
OBS: Por isso,
vemos com muita suspeita, para não dizer o mínimo, movimentos que algumas
lideranças têm feito “em prol da paz mundial”, associando-se com pessoas que,
decididamente, não creem em Jesus Cristo, como é o caso de alianças forjadas
ultimamente entre alguns líderes e o falso cristo Reverendo Moon no Brasil e
entre alguns líderes e os muçulmanos nos Estados Unidos.
- Como servos de
Deus, devemos, sim, defender a “tolerância religiosa”, a “liberdade religiosa”,
pois o Evangelho é uma proposta que Deus faz ao homem, proposta esta que esbarra
no livre-arbítrio que o próprio Deus deu ao homem. Não podemos impor a fé em
Cristo a qualquer homem, mas pregar o Evangelho para que este homem possa ser
salvo, mas deixando o homem completamente livre para crer, ou não, no Evangelho.
É esta a postura que devemos ter com relação a outros credos religiosos e a
segmentos cristãos apartados da sã doutrina, inclusive com eles se unindo para o
bem-estar da sociedade, mas jamais admitirmos uma comunhão de princípios e
crenças, pois isto seria negar o Senhor Jesus. Lembremo-nos disto!
- Mas a
identificação do Senhor como “Aquele que tem a espada aguda de dois fios”,
também nos fala a respeito de qual a arma de ataque que temos nesta “guerra
espiritual” que existe contra o mundo e o diabo. A “espada aguda de dois
fios” é a Palavra de Deus (Ef.6:17; Hb.4:12).
- Quando o
Senhor Jesus orava pelos Seus discípulos, a chamada oração sacerdotal, fez
questão de pedir ao Pai que Sua Igreja fosse santificada na verdade, i.e., na
Palavra de Deus (Jo.17:17). Na “armadura de Deus” descrita pelo apóstolo na
carta aos efésios, a única arma de ataque é a “espada do Espírito”, que é a
Palavra de Deus (Ef.6:17).
- A
única arma que a Igreja tem para atacar as hostes espirituais da maldade é a
Palavra de Deus. A infiltração do mundo na igreja, permitida pelo
pastor da igreja de Pérgamo, era devida ao não-uso desta arma de ataque. Quando
a Palavra de Deus deixa de ser utilizada nas igrejas locais, o mundo nela entra,
pois não há como se impedir o avanço do maligno, que não é fustigado, atacado
por esta poderosa arma que o Senhor deixou para o Seu povo. Não há como nos
mantermos separados do pecado eficazmente senão pela meditação e ensino da
Palavra de Deus.
- Uma das
principais armadilhas do inimigo de nossas almas nestes dias é o de retirar a
Palavra de Deus da vida dos que cristãos se dizem ser. Até mesmo as reuniões das
igrejas locais têm tido supressão do tempo da Palavra. Vivemos hoje um crescente
analfabetismo bíblico entre os servos do Senhor, o que permite a infiltração do
mundo e toda heresia e falso ensino.
- A negligência
com a Palavra de Deus faz com que não haja qualquer ataque aos movimentos do
adversário no meio do povo de Deus, visto que todas as demais armas postas à
disposição dos crentes são defensivas (cinto da verdade, couraça da justiça,
calçados da preparação do evangelho da paz, escudo da fé, capacete da
salvação-Ef.6:13-17). O pastor da igreja de Pérgamo estava bem defendido contra
as hostes espirituais da maldade, mas, ao contrário do seu colega de Éfeso, não
atacava o trabalho deletério que o inimigo estava a fazer no meio de seu
rebanho, já que não se utilizava da Palavra de Deus (Ap.2:2).
- Há uma
preocupante tendência em nossos dias entre as lideranças das igrejas locais em
ter um comportamento passivo diante do crescente mundanismo que tem tomado conta
dos que cristãos se dizem ser. Em nome de uma “modernidade”, de uma
“adaptação aos tempos de hoje”, tem-se permitido a invasão do pecado e do mundo
em nossas igrejas. São os “pastores de Pérgamo” de nossos dias. Não podemos
concordar com esta conduta, pois ela foi severamente repreendida pelo próprio
Senhor Jesus!
- Há um abismo
entre o que é cultural e, portanto, humano, passageiro e mutável e a sã
doutrina, que é divina, eterna e imutável. A Palavra de Deus permanece para
sempre (Is.40:8; Mt.24:35; Lc.21:33; I Pe.1:23). O que a Bíblia Sagrada
condenava quando foi escrita, continua a condenar em nossos dias. Não podemos
“flexibilizar” as Escrituras, como muitos têm feito e como deixava fazer o anjo
da igreja que estava em Pérgamo.
- O fato de “a
espada aguda” ter “dois fios”, isto mostra, com clareza, que a Palavra
de Deus deve ser a regra de fé e prática tanto para os ministros, que a ensinam,
como para os demais crentes. Não há qualquer “autoridade” da parte dos
ministros em relação às Escrituras. Todos estão sujeitos à Palavra de Deus, que
foi posta acima do próprio Deus, como nos ensina o Sl.138:2. A Palavra é o
próprio Cristo (Jo.1:1; Ap.19:13), que foi posto acima de todo o nome (Fp.2:9).
Assim, a nenhum ministro do Evangelho, a nenhuma liderança na Igreja foi dado o
poder de se sobrepor às Escrituras. O chamado “Magistério da Igreja”, ou seja, o
ensino que as lideranças postas por Cristo na Igreja dá ao povo de Deus jamais
pode contradizer ou deixar de levar em conta o que está na Bíblia, pois lhe é
inferior.
II – O EXAME DAS
QUALIDADES DA IGREJA DE PÉRGAMO PELO SENHOR JESUS
- O Senhor Jesus
repete, nesta carta, a expressão “Eu sei as tuas obras”, para demonstrar que é a
cabeça da Igreja (Ef.1:22; 5:23), Aquele que vê tudo quanto se faz no meio do
Seu povo. Ele é onisciente, tem conhecimento de tudo quanto sucede em Seu corpo,
de sorte que não há como querer enganá-l’O. Não há maior tolice do que tentar
ludibriar o Senhor Jesus.
- O Senhor, como
sempre faz, começa realçando as qualidades daquele ministro do Evangelho. Sabia
que, apesar de aquele pastor estar num lugar espiritualmente tenebroso, local
onde estava “o trono de Satanás”, este pastor retinha o nome de Jesus e não
negava a fé cristã, desde os dias de Antipas, seu antecessor, que havia morrido
por causa do Evangelho (Ap.2:13).
- O
pastor de Pérgamo demonstrou ser um crente sincero, um crente que não temia a
morte. Mesmo tendo sucedido a Antipas, que havia morrido por causa da
fé, não mudou a sua conduta de serviço sincero ao Senhor Jesus. Era um crente
fiel que reteve a sua fidelidade ao Senhor mesmo num momento difícil, de
perseguição e de aparente vitória do inimigo com a morte de
Antipas.
- Uma grande
qualidade deste pastor é que o fato de ter se tornado o pastor daquela igreja
não mudou a sua maneira de ser, a sua maneira de viver. Quantos, infelizmente,
quando galgam posições na igreja local mudam seu comportamento, mudam seu modo
de ser e de viver. Antes de se tornarem líderes, eram humildes, prestativos,
amorosos, educados e cordatos. Depois que são consagrados ou assumem posições de
relevância na estrutura hierárquica da igreja local, passam a ser arrogantes,
querem apenas ser servidos, são truculentos, estúpidos e ríspidos. Alguém já
disse que se quiser saber quem verdadeiramente é alguém, dê-se-lhe
poder.
- Este pastor,
porém, não era um hipócrita, nem tampouco um dissimulado. Como era nos dias de
Antipas, continuou a ser quando foi levado ao pastorado daquela igreja. Se somos
imitadores de Cristo (I Co.11:1), temos de ser como o Senhor, ou seja, o mesmo
em qualquer situação ou circunstância (Hb.13:8). Podemos dizer, amados irmãos,
que estamos no mesmo grupo do pastor de Pérgamo?
- O pastor de
Pérgamo também manteve a mesma conduta espiritual pessoal de seu antecessor.
Antipas havia morrido por causa da fé, mas tinha sido uma fiel testemunha.
Quando Jesus assim Se refere a Antipas, fala que era tinha sido um verdadeiro
cristão, pois o cristão é um “pequeno Cristo”, alguém “semelhante a Cristo”.
Ora, ao chamar Antipas de “fiel testemunha”, o Senhor Jesus está a dizer que ele
era um verdadeiro cristão, pois o próprio Jesus Se identificou como sendo “ a
fiel testemunha” (Ap.1:5).
- O pastor de
Pérgamo prosseguia esta jornada de fidelidade de seu antecessor. Será que temos
este mesmo comportamento por parte das novas lideranças que têm assumido as
igrejas locais neste centenário das Assembleias de Deus, em que vivemos uma
nítida mudança de geração? Será que a quarta geração de líderes de nossa
denominação vai seguir os passos de piedade deixados pelas gerações
anteriores?
- Para sermos
“fiéis testemunhas”, uma das coisas que devemos fazer é não nos deixar
influenciar pelo ambiente que nos cerca. O pastor de Pérgamo reteve o nome de
Jesus apesar de estar numa cidade que o próprio Jesus chama de “o trono de
Satanás”, ou seja, um local onde havia o domínio absoluto do inimigo de nossas
almas, pois, como já vimos, era um centro de adoração explícita ao diabo, sem
falar em todas as demais atividades religiosas demoníacas que lá se realizavam.
Pérgamo era uma “cidadela”, uma “fortaleza” do inimigo no mundo greco-romano, o
centro dos poderes malignos.
- Apesar disto,
o pastor de Pérgamo não tinha deixado de ser menos crente, nem tampouco havia se
deixado influenciar pelo ambiente. Hoje em dia, existe uma crença generalizada
de que “a pessoa é produto do meio onde vive”, crença esta que deve ser
rechaçada pela Igreja, pois é antibíblica. O meio, sem dúvida alguma, influencia
a pessoa, mas ela não é produto do meio onde vive. Fosse assim, jamais a Igreja
existiria, pois o Senhor Jesus diz que ela está no mundo, embora do mundo não
seja (Jo.17:11,16). Se assim é, vemos, claramente, que estar no mundo não
implica em ser influenciado por ele.
- O
pastor de Pérgamo, apesar de todas as mazelas que existiam em Pérgamo, não se
deixou influenciar por aquilo e se mantinha fiel ao Senhor Jesus. Ele
retinha o nome de Jesus, ele não negava a sua fé em Jesus, apesar de toda a
movimentação demoníaca e diabólica que havia em Pérgamo. Ele era “um dos sete
mil que não dobraram seus joelhos a Baal nem com suas bocas o beijaram” (I
Rs.19:18). Há sempre um remanescente fiel ao Senhor neste mundo de tanto pecado
e impiedade (Is.1:9; Sf.3:13; Rm.9:27).
- Amados irmãos,
temos tido o mesmo comportamento do pastor de Pérgamo, ou já “entramos na onda”
da maioria que se deixa influenciar pelo mundo? Temos retido o nome de Jesus, ou
já estamos a negar a fé em Cristo adotando como referência aquilo que nos é
oferecido pelo mundo, principalmente através da mídia? Temos como modelo o
Senhor Jesus e, por conseguinte, a Bíblia Sagrada, ou nossos padrões são
estabelecidos pelo que vemos e ouvimos todos os dias nos meios de comunicação de
massa?
- Outro precioso
ensino que nos dá o pastor de Pérgamo é que a sua guerra espiritual
independia de qualquer “conquista territorial espiritual” da cidade de
Pérgamo. Nos últimos anos, temos assistido a diversos ensinamentos da
chamada “teologia da batalha espiritual” em que se defende que os crentes devem
“guerrear contra os espíritos territoriais” e “dominar os territórios
espirituais dominados pelo diabo e seus demônios”. Já houve até quem contratasse
helicópteros para “ungir com óleo” cidades e bairros, sem falar em pessoas que
têm urinado para “demarcar territórios” para o Senhor Jesus também em cidades e
bairros. Nada mais falso e tolo, amados irmãos!
- Pérgamo, diz o
Senhor Jesus, era “o trono de Satanás”, “a habitação de Satanás”. Não havia
dúvidas de que as hostes malignas tinham em Pérgamo o seu quartel-general, que
ali estava o comando de todo o paganismo, de toda a atividade maligna daqueles
dias. Isto, porém, não levou o pastor de Pérgamo a iniciar uma “batalha
espiritual contra os espíritos territoriais”. Não, não e não! Com sua vida
piedosa e sincera diante de Deus, com seu fiel testemunho, o pastor de Pérgamo
não estava, em absoluto, debaixo do poder das potestades, nem deveria fazer
qualquer “ação de batalha espiritual”, que não fosse a pregação do Evangelho, o
real e genuíno poder de Deus. Temos uma guerra constante contra o mal, que será
vencida por nós se formos fiéis ao Senhor até a morte e nos santificarmos a cada
dia. É assim que venceremos o maligno, não com simpatias ou ações que mais
parecem feitiçaria do que qualquer outra coisa. Acordemos, amados
irmãos!
- O
pastor de Pérgamo não negou a fé em Cristo Jesus, ou seja, apesar do
nítido risco de vida que estava a correr, pois seu antecessor tinha sido
martirizado, não quis contemporizar com os moradores daquela cidade, nem
tampouco mudar seu estilo de vida diante da presença de tantos e poderosos
credos pagãos e satânicos. Manteve a sua conduta de acordo com as Escrituras,
não abriu mão do Evangelho nem de Cristo. Não procurou “deixar de ser radical”
como muitos têm feito nos dias de hoje. Não procurou se “modernizar”. Não, não e
não! Manteve sua fé na Palavra de Deus, naquilo em que havia crido no início de
sua vida com Jesus. Podemos dizer que estamos a fazer o mesmo?
- Quem não negar
a fé em Cristo Jesus, quem O confessar diante dos homens também não será negado
por Cristo diante do Pai, também terá seu nome confessado pelo Senhor Jesus
diante do Pai (Mt.10:32; Lc.12:8). Quem confessa que Jesus é o Filho de Deus, ou
seja, que Jesus é o único e suficiente Senhor e Salvador, que é Deus e que não
há como se admitir outro meio de se chegar ao Senhor, este mostra, com sua
atitude, que Deus está nele e ele em Deus (I Jo.4:15). Podemos dizer que estamos
a fazer o mesmo?
OBS: “…Alguns
gostariam de colocar hoje entre parênteses o dogma da Trindade para facilitar o
diálogo com as outras grandes religiões monoteístas. É uma operação suicida.
Seria como tirar a espinha dorsal de uma pessoa para fazê-la caminhar mais
facilmente! A Trindade está tão impressa na teologia, liturgia, espiritualidade
e toda a vida cristã que renunciar a ela significaria iniciar uma outra
religião, completamente diferente. O que deve ser feito é, antes, como os Padres
nos ensinam, tirar esse mistério dos livros de teologia e colocá-los na vida, de
modo que a Trindade não seja só um mistério estudado e formulado corretamente,
mas vivido, adorado, gozado. A vida cristã se desenvolve, do começo ao fim, no
sinal e na presença da Trindade.…” (CANTALAMESSA, Raniero. São Gregório
Nazianzeno: mestre de fé na Trindade. Segunda pregação da Quaresma 2012. 16 mar.
2012. Disponível em: : http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=285609Acesso
em 19 mar. 2012). Quando lemos estas palavras do pregador do Papa e notamos que
já há escritos de lideranças sedizentes cristãs que aceitam que o Deus dos
cristãos é o mesmo deus dos muçulmanos (Cfr. TOMBERS, Dave. Jornal pega Rick
Warren contando mentiras? Trad. de Júlio Severo. Disponível em: http://juliosevero.blogspot.com.br/2012/03/jornal-pega-rick-warren-contando.htmlAcesso
em 19 mar. 2012) , vemos como se está caminhando, a passos largos, para a
apostasia generalizada…
III – O EXAME
DOS DEFEITOS DA IGREJA DE PÉRGAMO PELO SENHOR JESUS
- Mas, apesar
das importantes qualidades pessoais apresentadas pelo pastor de Pérgamo, vemos
que o Senhor Jesus, dentro de Sua natural e essencial imparcialidade, também
aponta alguns graves defeitos que possuía aquele pastor, defeitos que o Senhor
Jesus disse serem “algumas poucas coisas”, mas que era algo mortal para a
Igreja.
- Embora
pessoalmente o pastor de Pérgamo fosse uma pessoa sincera, com vida espiritual
louvável e elogiável, enquanto líder era uma lástima. Sua pusilanimidade saltava
aos olhos do Senhor, pois disse que aquele pastor “tens lá os que seguem a
doutrina da Balaão”, como também “tens também os seguem a doutrina dos
nicolaítas” (Ap.2:14,15).
- Embora
fosse um verdadeiro e genuíno cristão, o pastor de Pérgamo tinha permitido que,
no meio de seu rebanho, existissem tanto os balaamitas quanto os
nicolaítas. Aquele pastor tinha permitido que, no seio da igreja de
Pérgamo, houvesse já um grupo numeroso de crentes que haviam se desviado
espiritualmente e, apesar disto, nenhuma atitude havia sido tomada por aquele
pastor. “…Pérgamo representa decadência espiritual para a igreja, bem como todos
os cristãos que seguem seus princípios doutrinários. A palavra de ordem para
esta igreja paganizada, que está mais para política do que para cumprir suas
finalidades e compromissos com o Evangelho, é que existe contra ela uma espada
afiada de dois gumes, que ferirá o pastor e toda a comunidade, se não se
arrependerem…” (SILVA, Osmar José da. Reflexões filosóficas de eternidade a
eternidade, v.7, p.44).
- Com relação à
“doutrina de Balaão”, assim se manifesta o pastor Severino Pedro da Silva: “…Na
epístola de Judas (Jd.11), há referência a três homens caídos do Antigo
Testamento: ‘Caim…Balaão…Coré’ (cf. Gn.4:1-24; Nm.16,22,23,24). Nos dias
neotestamentários, seus nomes são tomados como figuras expressivas dos falsos
ensinadores que, segundo se diz, entrariam no ‘seio’ da Igreja Cristã (cf. II
Pe.2:15). No texto em foco, é-nos apresentada ‘a doutrina de Balaão’. (…). A
doutrina de Balaão, que também se transformou no seu erro era que, raciocinando
segundo a moralidade natural, e assim vendo erro em Israel, ele supôs que Deus,
justo que era, teria de amaldiçoá-lo. Era cego para com a moralidade da cruz de
Cristo, mediante a qual Deus reforça a autoridade, de tal modo que vem ser justo
e o justificador do pecador que olha para Cristo…” (Apocalipse versículo por
versículo. 3.ed., p.40).
- A
“doutrina de Balaão” é o ensino de que não há mal algum em se comer dos
sacrifícios da idolatria e de se prostituir com o mundo. A Bíblia, ao
relatar a vida de Balaão, é muito sucinta quanto a este ensino do profeta que se
desviou para angariar vantagens econômico-financeiras. Após o fracasso de suas
tentativas de amaldiçoar o povo, as Escrituras apenas dizem que Balaão foi
despedido por Balaque (Nm.24:25). Todavia, logo em seguida, Moisés nos dá o
relato de que muitos israelitas se prostituíram com moças moabitas (Nm.25) e,
quando da notícia da morte de Balaão, ficamos a saber que esta estratégia de
atração dos israelitas pelas mulheres de Moabe, que os fez participar de
sacrifícios em honra a Baal-Peor tinha sido ideia do próprio Balaão
(Nm.31:16).
- Balaão, então,
querendo, de qualquer maneira, ter acesso aos tesouros que lhe haviam sido
prometidos pelo rei Balaque, aconselhou o rei a usar mulheres para seduzir os
israelitas pois, se eles deixassem a Deus e se prostituíssem e sacrificassem a
Baal-Peor (e o culto a Baal-Peor envolvia rituais de prostituição, de
relacionamentos sexuais, pois era um típico “culto de fertilidade”), poderiam
ser amaldiçoados, como era o desejo de Balaque.
- A “doutrina de
Balaão”, portanto, é o ensino, feito por falsos mestres, comprometidos com o
inimigo, no sentido de estimular e incentivar o povo de Deus a ter uma vida de
mistura com o mundo e com o pecado. É o ensino de rendição às atrações trazidas
pelo inimigo. É o ensino de que não se faz necessária a santificação, de que a
separação do pecado é algo que não deve ser “radical”, que “não faz mal” o
contato com os prazeres do mundo e com o que o mundo oferece.
- Em Pérgamo,
onde havia diversos cultos pagãos, inclusive o “culto ao imperador”, a adoração
a César como deus, que encontrava naquela cidade uma de suas principais sedes, a
“doutrina de Balaão” era, nitidamente, o ensino de que não fazia mal aos crentes
participarem de tais cultos, que isto não comprometia a sua fé em Jesus. A
participação no culto do imperador, aliás, era uma exigência do governo romano
para não perseguir os cristãos.
- Quantos hoje
não estão, também, a ensinar esta doutrina em nossos dias? Quantos não são os
que entendem que os crentes não precisam ser “radicais”, que “não faz mal” que
tenham costumes e práticas mundanos, que “Deus só quer o coração”? Quantos, hoje
em dia, não estão a viver assim como as demais pessoas, sem qualquer diferença
de linguagem, padrões morais, condutas e mentalidade, apenas se “diferenciando”
porque comparecem periodicamente a uma igreja dita evangélica? Não é
precisamente o que se procura difundir com o chamado “modo gospel de viver”,
onde tudo é igual ao mundo, apenas com o acréscimo do rótulo “gospel”? Não é à
toa que, nos dias hodiernos, já temos algumas excrescências tais como o “samba
gospel”, o “pagode gospel”, o “metal gospel”, a “cerveja gospel”, o “ficar
gospel” e, pasmem os amados, até “filme pornô gospel”! É a “doutrina de Balaão”
angariando adeptos entre os que cristãos se dizem ser…
- A “doutrina de
Balaão” não passa de um estratagema do inimigo para lançar tropeços diante dos
filhos de Deus para que comam dos sacrifícios da idolatria e se prostituam, ou
seja, não passa de ensinos para levar o povo de Deus a ter comunhão com o
pecado, com o mundo, a ser infiel a Deus, adotando outros deuses que não o
Senhor Jesus. Tomemos cuidado, amados irmãos!
- A “doutrina de
Balaão” leva os incautos ao pecado porque, sem a Palavra de Deus, não nascem
raízes na vida espiritual de alguns e eles são facilmente levados pela aparência
enganosa e atrativa que se constrói na fronteira entre a Igreja e o mundo. Sem
ter raízes, os crentes superficiais são facilmente levados pela beleza e atração
do mundo e do pecado, não suportando a perseguição, a provação e o sofrimento,
sucumbindo a uma mentalidade baseada no prazer e na emoção. Sem que deixemos
germinar em nós, de modo profundo, a Palavra de Deus, que é a semente
(Mt.13:20,21), seremos seduzidos pelo colorido enganador do diabo e passaremos a
comungar com o pecado, cometendo tanto o pecado da idolatria (pois
substituiremos Deus por outrem) quanto o pecado da infidelidade espiritual
(passaremos a nos relacionar com outrem e não mais exclusivamente com o
Senhor).
- Mas, além da
“doutrina de Balaão”, o pastor de Pérgamo tinha permitido surgir, no meio de seu
rebanho, aqueles que “seguiam a doutrina dos nicolaítas”. Já falamos desta
doutrina ao analisarmos a carta à igreja de Éfeso. Ali, o pastor de Éfeso,
diligente e zeloso com a doutrina, não tinha permitido que os nicolaítas
entrassem em seu rebanho. Aqui, porém, eles não só tinham entrado como também já
tinham ali os seus seguidores.
- Já vimos que
os “nicolaítas” eram os que defendiam que o corpo para nada valia, que
tentavam introduzir no meio do povo de Deus o gnosticismo, a doutrina segundo a
qual a matéria é essencialmente má e deve ser completamente desconsiderada em
nossa vida espiritual. É uma doutrina muito próxima a “doutrina de
Balaão”, mas que dela se diferenciava ao defender que o acesso à espiritualidade
dependia de “mediadores”, de “seres iluminados”, algo que não era exigido pelo
ensino balaamita.
- O pastor de
Pérgamo tinha permitido que, no seio da igreja, surgissem aqueles que criam que
seu acesso a Deus dependia de “mediadores”, de uma “casta superior de crentes”.
Começaram a surgir, portanto, na igreja de Pérgamo, aqueles que se intitulavam
“detentores do acesso dos crentes a Cristo”, “iluminados”, o que causava intensa
fragmentação no corpo de Cristo.
- Em nossos
dias, não tem sido diferente. Muitos têm assumido a necessidade de “mediadores”
entre Cristo e os crentes, criando um verdadeiro “sacerdócio” que leva o povo ao
encontro de Jesus, esquecendo-se de que só há um mediador entre Deus e os
homens, Jesus Cristo homem (I Tm.2:5; Hb.8:6). Não é porventura o que temos
visto no chamado “movimento celular”, onde os “líderes de células” são tidos
como verdadeiros “pais espirituais” dos demais membros das células, a quem os
crentes devem irrestrita submissão e obediência? Tudo isto contraria
visceralmente as Escrituras que são categóricas ao nos ensinar que a ninguém
devemos chamar de Rabi ou de Pai, a não ser a Nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo e ao nosso Pai que está nos céus (Mt.23:7-10), como também que não
devemos ser escravos de homens (I Co.7:23).
- O Senhor
Jesus, pela segunda vez nestas cartas, diz que aborrece a doutrina dos
nicolaítas (Ap.2:6,15). Esta insistência do Senhor em afirmar que aborrece tal
doutrina deve ser um grande alerta para nós, a fim de que não permitamos, em
momento algum, a criação de “mediadores” que neguem o sacerdócio universal de
todos os crentes, uma reivindicação histórica da Reforma Protestante mas que tem
sido, perigosamente, deixada de lado em nossos dias, basta ver que já há, em
nosso meio, quem defenda que os pecados sejam confessados apenas para o
ministro…
IV – AS PALAVRAS
DO SENHOR JESUS PARA A IGREJA DE PÉRGAMO
- Diante deste
quadro, o Senhor Jesus Se dirige ao pastor de Pérgamo com a seguinte mensagem:
“Arrepende-te pois, quando não, em breve virei a ti e contra eles
batalharei com a espada da Minha boca” (Ap.2:16).
- O
pastor de Pérgamo deveria se arrepender, ou seja, mudar a sua
mentalidade, passando não só a ter uma vida sincera diante de Deus, como também
combater os seguidores da doutrina de Balaão e do nicolaísmo que existiam no seu
rebanho, através do ensino da Palavra de Deus e do exercício da autoridade que
lhe fora dada pelo Senhor Jesus como ministro do Evangelho, liderando eventual
disciplina no meio do povo.
- Caso o pastor
de Pérgamo mantivesse a sua atitude passiva, a sua negligência, o Senhor disse
que, pessoalmente, batalharia com a espada da Sua boca contra aqueles que
estavam a infectar o rebanho, ou seja, por meio do Espírito Santo, que é a
Pessoa Divina que glorifica a Cristo Jesus e que nos faz lembrar de Seus
ensinamentos (Jo.16:14; 14:26), levantaria outros para fazer o trabalho que o
pastor de Pérgamo se negava a fazer. Temos aqui o aviso de uma verdadeira
rejeição do ministério daquele pastor.
- O pastor de
Pérgamo sofreria a mesma rejeição de Saul que, posto como rei sobre Israel,
desobedeceu ao Senhor, o que fez com que Deus se providenciasse um outro rei,
“in casu”, Davi (I Sm.15:26-28). O pastor de Pérgamo, se se mantivesse
desobediente, rebelde ao Senhor, acabaria por cometer o mesmo pecado dos
pergamitas, ou seja, a feitiçaria, pois a rebelião é como o pecado de feitiçaria
(I Sm.15:23).
- Vemos que
grande risco correm os “pastores de Pérgamo” de nossos dias, que são negligentes
com a sã doutrina, com o ministério da palavra e que têm permitido grassar, no
meio dos que cristãos se dizem ser, os seguidores da “doutrina de Balaão” e da
“doutrina dos nicolaítas”. Embora sejam alguns destes, como era o anjo da igreja
em Pérgamo, pessoas devotas, sinceras diante do Senhor, sua omissão e tolerância
passiva com o predomínio do pecado os farão rebeldes contra o Senhor e, assim
como Saul, acabarão tendo um triste fim, terão o mesmo destino dos feiticeiros,
que é o de ficar de fora da cidade santa (Ap.22:15). Acordem, ministros
negligentes, antes que seja tarde demais!
- Dentro do
ponto-de-vista que vê nas igrejas da Ásia Menor os períodos da história da
Igreja, temos que a igreja de Pérgamo representa a chamada “igreja
imperial”, a Igreja que, a partir de 312 e até por volta dos anos 800, gozou de
liberdade de culto no Império Romano, desde a promulgação do Édito da Tolerância
no governo de Constantino.
- Esta “igreja
imperial” caracterizou-se pela sua mistura com o mundo. A partir do momento em
que o governo romano liberou o culto cristão, paulatinamente a cúpula da Igreja
começou a se envolver com o poder romano, vez que passou a ser privilegiada e
“mimada” pelos imperadores a partir de Constantino que, com a exceção de Juliano
(que reinou de 361 a 363), eram todos cristãos. Este “mimo” se consolidará em
380, quando o imperador Teodósio I torna o cristianismo a religião oficial do
Império Romano.
- Este
envolvimento da Igreja com o Estado romano terá consequências nefastas para a
pureza doutrinária. Milhares e milhares de pessoas, a partir de então, passaram
a se “converter” ao Cristianismo por interesses meramente políticos e sociais,
uma vez que a Igreja passou a receber vultosas quantias do governo romano e a
tomar para si patrimônios que antes pertenciam a cultos pagãos, fazendo da
Igreja uma poderosa instituição, inclusive de assistência aos mais
desafortunados.
- Este ingresso
de “conversos” sem o devido preparo doutrinário como também sem uma genuína
conversão fez com que, aos poucos e paulatinamente, diversos costumes e crenças
pagãos fossem “cristianizados”, o que representou a paganização da Igreja. Era o
surgimento, no meio da Igreja, dos seguidores da “doutrina de
Balaão”.
- Entre
vários desvios doutrinários que passaram a ser tolerados e
aceitos, temos os cultos dos mártires, o culto dos mortos, que logo
evoluiu para uma idolatria que caracteriza até hoje segmentos cristãos como a
Igreja Católica Romana e a Igreja Ortodoxa Grega.
OBS: Eis aqui
uma pequena lista dos desvios doutrinários deste período histórico:
Ano 310
-Dentre as mais antigas tradições humanas criadas pela ICAR, se
encontram a oração pelos mortos e o sinal da cruz, as quais apareceram
quase 300 anos, após a morte de Cristo.
Ano 320
-Introdução do uso de velas.
Ano 375
-Veneração aos anjos e santos falecidos.
Ano 394
-Início da celebração da Missa.
Ano 431
-Adoração a Maria, mãe de Jesus, com a invenção do termo “Mãe de Deus”,
conforme o Concílio de Éfeso.
Ano 500
-Adoção das vestes especiais para os sacerdotes.
Ano 526
-Adoção do rito chamado “Extrema Unção”.
Ano 593
-Invenção da doutrina do Purgatório.
Ano 600
-Papa Gregório I adota o Latim na celebração da Missa.
Observação:Paulo proíbe orações em
línguas estranhas e a Bíblia ensina que as orações só devem ser feitas a Deus,
nunca aos anjos ou santos. (Ver Mateus 11:28; Lucas 1:46; Atos 10:25; Atos
14:14-18).
Ano 610
-Foi criado o papado, usando-se o título de origem pagã (Maximus
Pontifex), dado ao bispo de Roma pelo maligno imperador Focas, com o objetivo de
desacatar o bispo Ciríaco, de Constantinopla, o qual o havia excomungado, por
ter ele assassinado o seu predecessor Maurício. Gregório I, então Bispo de Roma,
recusou o título de Papa, o qual seria aceito pelo seu sucessor, Bonifácio
III.
Observação -Jesus nunca nomeou Pedro
como líder dos apóstolos, tendo apenas ordenado que ele apascentasse as Suas
ovelhas - os judeus - do mesmo modo como iria entregar Suas outras ovelhas - os
gentios - ao apóstolo Paulo. (Ver Gálatas 2:14-15; Lucas 22:24-26; Efésios
1:22-23; Colossenses 1:18 e 1 Coríntios 3:11). Não existe relato algum de que
Pedro tenha estado em Roma e ali permanecido por 25 anos. O terceiro bispo de
Roma, Clemente, afirmou que não existe evidência alguma de que Pedro tenha
estado em Roma, no Século I.
Ano 709
-Teve início a prática pagã de beijar os pés dos papas, copiada do
costume de beijar os pés dos imperadores. (A Bíblia proíbe tal prática, conforme
Atos 10:25-26; Apocalipse 19:10; 22:9).
Ano 750
-Foi criado o poder temporal dos papas. Quando o imperador Pepino
tomou posse do trono da França, vindo da Itália, ele convocou o Papa Estevão II
para lutar contra os lombardos. Estes foram derrotados e Pepino presenteou o
papa com uma parte da cidade de Roma, uma colina chamada ??? onde se faziam
vaticínios, cujo nome daria origem ao nome “Vaticano”. Jesus recusou as glórias
do mundo que Lhe foram oferecidas por Satanás, mas o papa as aceitou. (Mateus
4:8-9; 20:25-26; João 18:38).
Ano 788
-Começou a prática de adorar a cruz e as relíquias dos santos
falecidos. A grande mentora desta prática pagã foi a monstruosa imperatriz
Irene, que mandou furar os olhos do próprio filho, Constantino VI, temendo que
este lhe tomasse o poder. Logo depois, ela convocou um concílio da igreja, a
pedido de Adriano I, então Papa de Roma. Irene foi canonizada como santa pela
ICAR, onde começou a ser venerada. (A IDOLATRIA é um pecado condenado na
Bíblia, conforme Êxodo 20:4; 3:17; Deuteronômio 27:15 e Salmo 115).…” (TESTA,
Stephen L. Lista dos desvios doutrinários da Igreja Católica Romana. Disponível
em: http://ibb.nbrasil.net/index.php?option=com_content&view=article&id=1023:lista-dos-desvios-doutrinarios-da-igreja-catolica-romana&catid=59:varios&Itemid=154Acesso
em 19 mar. 2012).
- Como se não
bastasse isso, paulatinamente, também, até por força da concessão de poder
temporal aos bispos, que passaram a ter nacos de poder do governo romano,
começou a existir uma diferenciação entre o “clero”, ou seja, os ministros, que
passaram a ser considerados “sacerdotes” e os demais crentes, chamados de
“leigos”. Tinha-se, assim, a consolidação do nicolaísmo, pois os “sacerdotes”
passaram a ser os “mediadores” entre Cristo e o restante da Igreja. Era o início
da chamada “doutrina dos sacramentos”, segundo a qual há a necessidade de um
sacerdote para que se possa ministrar a graça de Deus aos fiéis.
- Tem-se, aliás,
neste período, o surgimento do Papado, a ideia de que o “bispo
de Roma” é o “Vigário de Cristo”, o “sucessor de Pedro” que teria sido
constituído por Cristo como “a cabeça visível da Igreja”. O Papa é chamado de
“Pontífice”, título que era, nada mais, nada menos do que o do sumo sacerdote do
culto babilônico existente na cidade de Pérgamo. “…Pérgamo era centro de
feitiçaria, magia negra e bruxaria. Diz a história universal que, no ano 133
a.C., quando os persas receberam asilo do rei Atalo, a cidade ainda recebeu a
fama de ser a retentora dos templos da Ásia. O sumo sacerdote dos magos era
chamado de supremo construtor de pontes, o que significa ‘aquele que liga as
brechas entre os mortais e Satanás com suas hostes’…” (OLIVEIRA, José Serafim
de. Desvendando o Apocalipse: o livro da revelação, p.18). “…Também se
estabeleceu ali o culto dos Magos, de origem babilônica. O sacerdote deste culto
era chamado de Pontifex Maximus, ou, então, de ‘Principal Construtor da Ponte’ e
sua suposta tarefa era preencher o vácuo entre o homem e os poderes superiores…”
(CHAMPLIN. R.N. Pérgamo: In: Dicionário de Bíblia, Teologia e
Filosofia, v.5, p.223). “…Em 378, Damaso, então bispo de Roma, apercebido
do título vacante [i.e., o título de Sumo Sacerdote da Ordem Babilônica, que
havia sido transferido de Pérgamo para Roma em 133 a.C. e que passou a ser usado
por todos os imperadores romanos, a partir de Júlio César, até 375, quando o
imperador Graciano a ele renunciou – observação nossa] e querendo amealhar
prestígio para o seu bispado, assumiu-se como Sumo Pontífice da Ordem
Babilônica…”(COSTA, Carlos. Eu, Babilônia, uma rota de confusão. Disponível em:
http://davidguiomar.blogspot.com.br/2010/03/eu-babilonia-uma-rota-de-confusao.htmlAcesso
em 19 mar. 2012).
- Nota-se, pois,
que, a partir de 312 e até os idos de 800, a chamada “igreja imperial” irá
cristalizar o seu “casamento com o mundo”, a sua comunhão com a “Babilônia”,
este sistema mundano gentílico que foi retratado no sonho de Nabucodonosor que
foi interpretado por Daniel (Dn.2) e que só será destruído ao término da Grande
Tribulação, quando o Senhor Jesus vier livrar Israel das mãos do Anticristo
(Ap.17-19).
- A proposta do
“ecumenismo” significa, precisamente, a aceitação de todo este sistema forjado
neste período e implementado no período subsequente, o que não se pode aceitar,
já que é algo que foi objeto de repreensão pelo Senhor Jesus que, inclusive,
disse que rejeitaria o anjo da igreja em Pérgamo se continuasse a permitir este
estado de coisas. Como, então, podemos aceitar tal proposta?
V – AS PROMESSAS
DE VITÓRIA FEITAS À IGREJA DE PÉRGAMO
- Depois de
apresentar a sua severa advertência ao anjo da igreja em Pérgamo, o Senhor
Jesus, depois de repetir a expressão que representa a aplicação da carta não só
à igreja em Pérgamo mas a todos os crentes, de todos os tempos (“Quem tem
ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”-Ap.2:17 “in initio”), apresenta,
como afirma o pastor José Serafim de Oliveira, “duas promessas preciosas
ao que vencer” (op.cit.,, p.19): “ Ao que vencer, darei eu a comer do
maná escondido, e dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito o
qual ninguém conhece senão aquele que o recebe” (Ap.2:17 “in medio” e “in
fine”).
- A
primeira promessa diz respeito a “comer do maná escondido”. Este “maná
escondido” representa o “sustento espiritual oculto”, ou seja, ao contrário das
promessas dos nicolaítas, de que os “seres iluminados” tinham acesso aos
“poderes superiores”, como também de que o contato com o mundo não representaria
mal algum para os que serviam a Cristo, como ensinava a “doutrina de Balaão”, o
certo é que somente aquele que retiver o nome de Cristo e não negar a sua fé
terá o verdadeiro “sustento espiritual”, terá acesso ao que é reservado para o
homem na eternidade, que é o próprio Cristo, o “pão que desceu do céu”
(Jo.6:32).
- O
“maná escondido” prometido aos vitoriosos é o sustento
da Palavra de Deus, pois o maná, o alimento que Deus deu a Israel
durante a sua peregrinação no deserto, é a figura de Cristo, o pão espiritual de
que nos alimentamos enquanto estamos a peregrinar nesta vida, pois “nem só de
pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”
(Mt.4:4).
- Tudo quanto
nos foi revelado aqui na Terra, através das Escrituras Sagradas, porém nada é em
comparação ao que nos está reservado na glória, pois “…as coisas que o olho não
viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que Deus
preparou para os que o amam.” (Is.64:4; I Co.2:9). Aquele que se mantiver firme
servindo ao Senhor terá acesso ao não-revelado, aquilo que era somente reservado
ao próprio Deus (Dt.29:29). Por isso, o Senhor Jesus diz que não somos apenas
servos, mas Seus amigos (Jo.15:15). Por isso, como diz o pastor José Serafim de
Oliveira, “…o crente em Jesus não precisa ter saudades das panelas de carne, dos
pepinos, alhos e das cebolas do Egito…” (op.cit., p.19), devendo, “antes ter o
seu prazer na lei do Senhor e nela meditar de dia e de noite” (Sl.1:2). Para não
sermos atraídos pelo mundo, precisamos nos debruçar na Palavra de Deus, que nos
é mais doce do que o mel (Sl.119:103).
- A
segunda promessa diz respeito a “ter uma pedra branca e, na pedra, um novo
nome”, motivo por que alguns estudiosos entendem serem três e não duas
as promessas. Há muitas interpretações a respeito do significado da “pedra
branca”. Entendem alguns que esta pedra era conferida a quem fosse absolvido num
processo judicial; outros, ao escravo que era liberto e que passava a carregar
esta pedra para provar a sua libertação; a outros, ainda, era objeto que se dava
a quem vencesse corridas ou lutas; para outros, era um símbolo de amizade entre
duas pessoas, cada qual levando metade da pedra que era partida ao meio e, por
fim, um troféu que recebia o guerreiro que voltava vitorioso da
batalha.
- Em qualquer
destas interpretações, nota-se, claramente, que a “pedra branca” é um
sinal de vitória, liberdade e inocência. Apesar de sermos desprezados e
vilipendiados neste mundo, apesar da intensa pressão que sofremos das hostes
espirituais da maldade, o fato é que, se nos mantivermos fiéis ao Senhor,
seremos vitoriosos e tornaremos eterna a nossa libertação do pecado, a nossa
amizade com Deus, a nossa salvação, que nos faz ter “ficha limpa” nos céus. Vale
a pena sermos crentes, amados irmãos, e não compactuarmos com o
mundo!
OBS: “…Os
juízes, naqueles dias, ao julgar uma pessoa, tinham por hábito darem uma pedra
preta, para os que fossem condenados à morte; e uma pedra branca, para os que
fossem inocentados e colocados em liberdade. Não existe pedra mais branca do que
Jesus, e estar fundamentado n’Ele significa dizer que terá uma vida nova e um
novo nome. Deus conhece quem são os que já têm o novo nome, pois esse novo nome
representa a personalidade individual, obtida exclusivamente mediante o novo
nascimento.…” (SILVA, Osmar José da. op.cit., p.45).
- Mas, nesta
pedra branca, diz o Senhor Jesus, será escrito um novo nome, que ninguém conhece
senão o que o recebe. Temos aqui a demonstração de que o vencedor, que desfrutou
de uma intimidade com o Senhor durante a sua peregrinação terrena, não será
“anulado” nos céus. Muitos acham que os crentes serão verdadeiros “zumbis” nos
céus, seres que não se reconhecerão, seres que não terão noção alguma de
individualidade. Nada mais falso!
- O Senhor
Jesus, aqui, mostra-nos com absoluta clareza que cada crente desfrutará de uma
intimidade própria com o seu Senhor. Este “novo nome que ninguém conhece
senão o que o recebe” nada mais é que a manutenção de nossa individualidade e de
nossa intimidade com Cristo mesmo na dimensão eterna. Cada um de nós
terá um relacionamento particular e exclusivo com o Senhor, sem deixar de ser o
povo de Deus que para sempre habitará com o Senhor (Ap.21:3).
- Quem jamais
negou o nome de Jesus aqui na Terra, terá um nome exclusivo que o aproximará de
modo particular e profundamente íntimo com o seu Senhor no céu. Perseveremos,
pois se já é maravilhoso desfrutar da intimidade com o Senhor aqui neste mundo,
que não será desfrutar de uma intimidade com o nosso querido Salvador nos novos
céus e nova terra? Aleluia!
Fonte: Portal EBD
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